O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou a discussão sobre a taxação das grandes empresas de tecnologia, conhecidas como big techs, em um momento delicado de sua gestão. A proposta, que visa destinar os recursos arrecadados para subsidiar o acesso à internet para populações carentes, reacende debates sobre a viabilidade e os impactos dessa medida, especialmente em um cenário de alta rejeição ao governo.
O Contexto Político e Econômico
Pesquisas recentes, como a da Genial/Quaest, apontam que a desaprovação ao governo Lula ultrapassa 60% em estados-chave como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Entre os fatores que contribuem para esse cenário estão a reforma tributária sancionada pelo presidente, que elevou o Brasil a um dos países com maior carga tributária do mundo, e a polêmica envolvendo o Pix. A tentativa de ampliar a fiscalização sobre transações financeiras gerou uma onda de desinformação e críticas, levando o governo a recuar.
Além disso, a inflação continua a pressionar o bolso dos brasileiros, com altas significativas em itens básicos como alimentos e energia elétrica. Declarações do presidente Lula, como a crítica a quem associa a criação de empregos ao aumento da inflação, também têm gerado controvérsias. Paralelamente, a primeira-dama Janja da Silva tem sido alvo de críticas por sua influência no governo e por episódios que ampliaram desgastes na gestão.
Afastamento de Parlamentares e Rejeição Interna
Outro ponto de tensão é o afastamento de parlamentares que antes apoiavam o governo. A rejeição crescente à gestão Lula tem levado alguns aliados a se distanciar, dificultando a articulação política no Congresso. Essa fragmentação pode comprometer a aprovação de projetos estratégicos, como a própria taxação das big techs.
A Taxação das Big Techs: Uma Solução ou Mais Um Problema?
A proposta de taxar empresas como Meta, Alphabet (Goole e You Tube) e Amazon surge, segundo o governo, como uma tentativa de equilibrar as contas públicas e promover inclusão digital. No entanto, críticos argumentam que a medida pode gerar retaliações internacionais e desestimular investimentos no setor de tecnologia. Além disso, há o risco de que a iniciativa seja percebida como mais uma intervenção estatal em um momento em que a confiança no governo está abalada.
Diante desse cenário, a pergunta que fica é: a retomada dessa agenda não poderia agravar ainda mais a situação do governo Lula, já fragilizado por uma série de crises e desafios? A resposta dependerá da capacidade do governo de articular apoio político e de comunicar os benefícios da medida à população.