O filme “Ainda Estou Aqui”, estrelado por Fernanda Torres, recentemente premiada com o Globo de Ouro de Melhor Atriz de Drama, trouxe à tona debates intensos no Brasil. Sua atuação poderosa, destacando a luta de Eunice Paiva para descobrir o paradeiro de seu marido desaparecido durante a ditadura militar, é um lembrete doloroso dos horrores cometidos sob aquele regime. O filme, aclamado pela crítica e pelo público, não só celebra o talento de Fernanda, mas também nos obriga a refletir sobre nossa história e nossas atuais questões de justiça e direitos.
De forma semelhante, o caso de Débora Rodrigues dos Santos, presa por escrever “Perdeu, Mané” na estátua da Justiça em frente ao STF durante os atos de 8 de janeiro, ecoa a narrativa de “Ainda Estou Aqui” ao levantar questões sobre a garantia de direitos e a justiça no Brasil. Débora, uma cabeleireira e mãe de duas crianças, enfrenta uma realidade em que sua casa foi tomada pelo silêncio e pelo vazio, com suas crianças sofrendo a ausência da mãe. Ela, ré primária e sem antecedentes criminais, é vista por muitos como vítima de uma perseguição política.
A situação de Débora não é única. O Brasil tem registrado um aumento no número de cidadãos que optam pelo exílio em resposta ao que descrevem como perseguição judicial conduzida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente sob a supervisão do ministro Alexandre de Moraes. Entre os exilados, figuram jornalistas, influenciadores digitais e até uma ex-juíza, cujas críticas às instituições brasileiras motivaram processos judiciais e medidas punitivas consideradas por muitos como autoritárias.
Nomes conhecidos como Allan dos Santos, Rodrigo Constantino, Paulo Figueiredo, Monark, Oswaldo Eustáquio e Ludmila Lins Grilo buscaram refúgio fora do país para escapar de ações do STF. Todos eles, de alguma forma, criticaram as ações do STF e de suas figuras mais proeminentes, destacando um padrão preocupante de censura e controle judicial que ameaça a liberdade de expressão.
Esses casos levantam uma reflexão crucial: estamos repetindo os mesmos erros do passado, mas com diferentes protagonistas? A polêmica em torno do filme “Ainda Estou Aqui” e do caso de Débora Rodrigues dos Santos mostra que a busca por justiça e verdade continua a ser um tema central na sociedade brasileira. Como espaço democrático, o Município News se compromete a trazer todas as perspectivas, promovendo um diálogo saudável e respeitoso sobre esses temas sensíveis.
Assim, ao celebrarmos o talento de Fernanda Torres e refletirmos sobre os casos de perseguição judicial, somos chamados a questionar: será que estamos, inadvertidamente, permitindo uma vingança histórica sob o pretexto da justiça?
Daniel Matos – Jornalismo Município News – 06/01/2025