O Primeiro Encontro Nacional do Juntos Pela República reuniu lideranças de vários municípios e de alguns estados brasileiros para debater os desafios políticos do país e apresentar a principal bandeira do partido: a necessidade de uma nova Constituição. O evento, conduzido pelo fundador da sigla, Anderson Dutra, contou com a participação do ex-ministro Andrea Matarazzo e do jurista Modesto Carvalhosa, que compartilharam suas análises sobre o cenário político e institucional do Brasil.
Andrea Matarazzo: a transformação da imprensa e seus desafios
O ex-ministro Andrea Matarazzo destacou as profundas mudanças na imprensa brasileira nas últimas décadas e seu impacto na política. Ele lembrou que, no passado, veículos como Folha de S.Paulo, Veja, Estadão e o Jornal Nacional exerciam grande influência na opinião pública, chegando a provocar crises que levaram à saída de presidentes, como no caso de Fernando Collor de Mello.
No entanto, Matarazzo apontou que a imprensa perdeu credibilidade ao longo dos anos e que essa queda foi, em parte, intencional, tornando os veículos dependentes financeiramente e reduzindo sua capacidade de investigação e apuração.
Ele também ressaltou que a precarização da profissão jornalística afetou a qualidade da informação, mencionando que hoje, grande parte das notícias não é bem apurada, devido à redução do tamanho e da estrutura dos veículos de comunicação, além da baixa remuneração dos jornalistas.
Matarazzo ainda observou que, atualmente, é comum os noticiários informarem que setores do governo não responderam a questionamentos da imprensa, algo que, segundo ele, era impensável no passado, quando havia uma preocupação constante em fornecer esclarecimentos, independentemente do impacto positivo ou negativo das respostas.
Além disso, enfatizou que a atual Constituição está desatualizada diante das transformações tecnológicas e sociais.
— Temos uma Constituição analógica numa sociedade digital. Só por aí já vemos que não funciona.
Modesto Carvalhosa: um país sem propostas
O jurista Modesto Carvalhosa ressaltou que o evento marca um momento significativo para a mobilização popular, diante da necessidade de propor uma nova Constituição. Segundo ele, o Brasil vive uma crise institucional permanente, agravada pelo afastamento entre o povo e seus representantes, além do desequilíbrio entre os Poderes.
— É um país sem propostas, um país que não tem propostas. E vocês agora, nesse movimento chamado Juntos Pela República, estão se organizando para apresentar uma proposta. É isso que falta ao Brasil. Não existe nenhuma ideia. — afirmou Carvalhosa.
Ele reforçou que a atual Constituição não atende mais às demandas da sociedade e que o país precisa de mudanças profundas para superar seus problemas estruturais.
Anderson Dutra: a diferença do Juntos Pela República
O fundador do Juntos Pela República, Anderson Dutra, destacou que a grande diferença do partido em relação às demais siglas é sua luta pela construção de uma nova Constituição. Ele argumenta que a atual Carta Magna, após 37 anos e 135 emendas, já não responde às necessidades da população.
— Nós vemos os mesmos velhos problemas e outros novos surgindo. Isso mostra que não adianta mais remendar essa colcha de retalhos. Precisamos de uma colcha que cubra e aqueça todos os cidadãos brasileiros.
Dutra enfatizou que a mudança precisa ser estrutural e que a única saída para o Brasil não está em deixar o país, mas sim em transformá-lo.
— Todos aqueles que entenderam essa mensagem sabem que a única saída para o Brasil não é o aeroporto. A saída para o Brasil é mudar as bases de tudo que está aí, e isso passa por uma nova Constituição.
Para viabilizar o registro oficial do partido, o Juntos Pela República iniciou a coleta de assinaturas de apoio. Segundo a legislação eleitoral, partidos em formação precisam reunir pelo menos 547.455 assinaturas de eleitores não filiados a outras siglas. Esse apoio deve ser obtido no prazo de dois anos a partir da obtenção da personalidade jurídica do partido e deve estar distribuído em pelo menos nove unidades da federação, com um mínimo de 0,1% do eleitorado que tenha votado em cada uma delas.
Dutra convidou os interessados a se engajarem na iniciativa.
— Aqueles que querem contribuir com esse projeto podem acessar nossas redes sociais e também podem ser líderes capitalizando fichas de apoiamento.
Mobilização Nacional
Ao final do evento, mais de 100 lideranças de diversos municípios e de alguns estados brasileiros receberam fichas de apoiamento para fortalecer a mobilização do Juntos Pela República em suas cidades. O encontro encerrou-se com um sentimento de esperança e engajamento, com os participantes comprometidos em levar adiante a construção do partido e sua proposta de transformação política para o Brasil.