Recentemente, áudios de WhatsApp obtidos pela Polícia Federal revelaram um esquema de desvio de emendas parlamentares envolvendo políticos e empresários no Ceará. O deputado federal José Guimarães (PT-CE), líder do governo Lula na Câmara, foi citado nas conversas como responsável por encaminhar emendas para a área da saúde do município de Choró.
Os áudios mostram discussões entre Carlos Alberto Queiroz Pereira, conhecido como Bebeto Queiroz, prefeito eleito de Choró, e Carlos Douglas Almeida Leandro, empresário preso por fraude na locação de veículos. Em uma das mensagens, Leandro oferece a emenda de Guimarães para desvio de verba, ao que Bebeto responde que deseja destinar os recursos para a saúde.
Dias depois, Bebeto envia um áudio para Adriano Almeida Bezerra, secretário parlamentar do deputado federal Júnior Mano (PSB), mencionando a intenção de desviar até 12% da emenda de 1,5 milhão de reais destinada ao Fundo Municipal de Saúde de Choró. A Polícia Federal acredita que Júnior Mano teve um papel central no esquema de corrupção.
A investigação também aponta que as emendas de comissão, uma nova manobra para ocultar os nomes dos deputados que apadrinham as emendas, foram utilizadas para direcionar recursos de forma ilícita. Em resposta às denúncias, a assessoria de José Guimarães afirmou desconhecer o assessor de Júnior Mano, enquanto os demais envolvidos não se manifestaram.
Em junho de 2024, a Comissão de Saúde da Câmara aprovou uma emenda de 1,5 milhão de reais para o Fundo Municipal de Saúde de Choró, montante que foi repassado na íntegra ao município. No entanto, 12% desse dinheiro, equivalente a 180 mil reais, foram desviados conforme as conversas interceptadas pela PF.
Além disso, a investigação revelou que Bebeto Queiroz, mesmo antes de tomar posse como prefeito, já estava envolvido em esquemas de corrupção. Ele foi preso temporariamente em novembro de 2024, acusado de desviar dinheiro público em obras e na distribuição de cestas básicas pela prefeitura de Choró, em conluio com o atual prefeito Marcondes de Holanda Jucá (PT).
A situação se complicou ainda mais quando, em dezembro de 2024, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, paralisou as atividades das comissões permanentes, impossibilitando a deliberação sobre as emendas. Os líderes partidários, incluindo José Guimarães, encaminharam um ofício sigiloso ao Planalto com uma lista de 5.449 indicações de emendas de comissão, totalizando 4,2 bilhões de reais.
Após a reportagem da Piauí, o ministro do STF Flávio Dino suspendeu o pagamento de todas as emendas de comissão, incluindo as de “liderança”. No entanto, dias antes do Natal, Dino liberou parte das emendas, totalizando 370 milhões de reais, para cumprir o piso mínimo de gastos com saúde.
Os diálogos de Bebeto encontrados pela PF na investigação do Ceará podem oferecer pistas importantes nessa apuração. Como constam conversas com o deputado Júnior Mano, a PF remeteu a investigação para o STF, corte responsável por tratar dos casos envolvendo parlamentares federais. O inquérito está no gabinete do ministro Gilmar Mendes.
Segundo a Piauí, as conversas foram encontradas no celular de Carlos Alberto Queiroz Pereira, o Bebeto Queiroz (PSB), prefeito eleito de Choró que está foragido e foi impedido de tomar posse na quarta-feira, 1º.
Jornalismo Município News – 02/01/2025 Siga @municipionews nas redes sociais.