O hospital DF Star, onde o ex-presidente Jair Bolsonaro está internado na UTI, será alvo de investigação pelo Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF). A decisão vem após denúncias de irregularidades no controle de visitas ao paciente. Bolsonaro recebeu uma quantidade absurda de aliados, fez lives, deu entrevistas e até foi intimado pela Justiça — transformando o que deveria ser uma unidade de tratamento intensivo em um circo político.
Nossa reportagem já havia ouvido médicos e especialistas em saúde para entender os protocolos corretos em hospitais, especialmente em UTIs. Todos, sem exceção, repudiaram a forma como o DF Star tratou o caso. A avaliação foi unânime: o ambiente da UTI deve ser rigorosamente preservado para garantir a recuperação dos pacientes e evitar infecções, não ser palco de aglomerações, nem muito menos de transmissões ao vivo ou encontros políticos.
Na última quarta-feira (23), Bolsonaro foi formalmente intimado por uma oficial de Justiça dentro do hospital, no processo que investiga uma tentativa de golpe de Estado. A disposição para lives, vendas de capacetes, visitas de aliados e entrevistas a canais de televisão deixou claro que o ex-presidente estava mais focado em criar cena do que em respeitar a gravidade do ambiente hospitalar. Foi essa atitude que levou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, a autorizar a intimação no próprio leito hospitalar.
A UTI virou tudo, menos um espaço de cuidado. Virou palco, virou estúdio, virou feira de vaidades. Um completo desrespeito à função da unidade intensiva e aos demais pacientes que também dependem daquele espaço para se recuperar em paz e segurança.
Enquanto isso, o Conselho Federal de Medicina (CFM) parece querer manter a recente tradição do “faz tudo, sem fazer nada”. Em vez de agir com a responsabilidade que se espera de uma entidade dessa importância, o CFM soltou uma nota genérica, burocrática, que mais parece escrita para não desagradar ninguém – sem nenhuma cobrança direta, nenhuma indignação, nenhuma ação concreta. Uma omissão que expõe, mais uma vez, o alinhamento político de quem deveria, antes de tudo, defender a medicina e a ética profissional.
A situação no DF Star e a omissão vergonhosa das entidades médicas escancaram uma realidade incômoda: a saúde no Brasil, pública ou privada, segue sendo refém do jogo político, mesmo quando vidas estão em risco.
Por: Roni Roger Colunista Município News – Jornalista (Original Notícias) 27/4/2025
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