Decisão impacta crédito, inflação e o bolso do brasileiro
O Banco Central do Brasil anunciou, no dia 19 de março de 2025, a elevação da taxa básica de juros, a Selic, para 14,25% ao ano. Este é o maior nível desde 2016 e reflete a tentativa de conter a inflação, que alcançou 5,06% nos últimos 12 meses, ultrapassando a meta de 3%. A decisão, tomada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), faz parte de uma série de aumentos consecutivos desde 2024.
O impacto da alta dos juros é sentido diretamente pelo cidadão. Financiamentos e empréstimos, como o crédito consignado privado recém-lançado pelo governo, ficam mais caros, tornando o acesso ao crédito mais restrito. Isso pode dificultar a aquisição de bens como imóveis e veículos, além de reduzir o consumo, afetando o comércio e a geração de empregos.
Por outro lado, investidores podem se beneficiar com o aumento dos rendimentos em aplicações atreladas à Selic, como títulos públicos. Contudo, o custo do ajuste monetário reacende discussões sobre as políticas econômicas e fiscais do governo. A falta de um ajuste fiscal efetivo e os altos gastos públicos contribuem para manter a inflação em alta, exigindo medidas rigorosas para estabilizar a economia.
Contexto político e projeções futuras
De acordo com a última pesquisa Genial/Quaest, realizada entre 12 e 17 de março de 2025, 58% dos operadores do mercado financeiro acreditam que o Brasil corre risco de entrar em recessão ainda este ano. Além disso, 82% dos entrevistados projetam que a inflação encerrará 2025 em um patamar superior ao de 2024, reforçando a necessidade de medidas monetárias mais rígidas, como o aumento da Selic.
A pesquisa também avaliou o desempenho de Gabriel Galípolo como presidente do Banco Central. Segundo o levantamento, 45% dos entrevistados consideram sua atuação positiva, enquanto 41% a classificam como regular. Apenas 8% avaliaram negativamente sua gestão, e 58% acreditam que ainda é cedo para uma avaliação definitiva. Esses dados refletem a percepção de que Galípolo tem adotado uma abordagem técnica em suas decisões.
Análises recentes da GloboNews apontam que o Banco Central tem atuado como um “aliado do governo Lula no controle da inflação”, mas destacam que a política fiscal expansionista do governo tem dificultado a redução dos índices inflacionários. Segundo Natuza Nery, a expansão fiscal promovida pela administração Lula é um dos principais fatores que mantêm a inflação elevada, mesmo com os esforços do BC para contê-la. Essa divergência entre as políticas monetária e fiscal reforça os desafios econômicos enfrentados pelo país e a necessidade de maior alinhamento entre as estratégias do governo e do Banco Central.
Jornalismo Município News – 20/03/2025