Em uma jogada estratégica que promete remodelar o cenário automotivo global, Honda e Nissan anunciaram oficialmente, nesta segunda-feira (23), um plano de fusão para criar uma holding até 2026. Com a inclusão da Mitsubishi, a nova entidade se posicionará como a terceira maior fabricante de veículos do mundo, atrás apenas de Toyota e Volkswagen. No entanto, a Renault, principal acionista da Nissan, enfrenta um dilema estratégico crucial.
Desde 1999, Renault e Nissan têm colaborado em diversos aspectos, como engenharia, desenvolvimento, fábricas e fornecedores. Atualmente, a Renault detém 35% das ações da Nissan, e a fusão levanta questões significativas sobre o futuro dessa parceria. Os acionistas da Renault terão que decidir nos próximos meses se venderão suas ações ou se manterão uma participação minoritária na nova gigante automotiva.
O Renault Group declarou que está analisando todas as opções para proteger os interesses do grupo e de seus stakeholders. “O Renault Group tem conhecimento dos anúncios feitos pela Nissan e pela Honda, que ainda estão em estágio inicial. Como principal acionista da Nissan, a Renault considerará todas as opções com base no melhor interesse do Grupo e de seus stakeholders”, afirmou a empresa. Além disso, a Renault continuará a seguir sua estratégia e lançar produtos que criam valor, incluindo projetos já iniciados dentro da Aliança Renault-Nissan.
A relação entre Renault e Nissan se deteriorou após a prisão do ex-presidente da aliança, Carlos Ghosn. Essa fusão representa um novo capítulo na história das duas empresas, com o potencial de aumentar significativamente a competitividade no mercado global, especialmente no segmento de carros elétricos, dominado atualmente por marcas chinesas como Tesla e BYD.
Em termos de volume de produção, a combinação das montadoras japonesas teria um volume global de emplacamentos de aproximadamente 7,9 milhões de unidades, superando Hyundai e Kia, que venderam 7,3 milhões de unidades em 2023. A fusão, estimada em US$ 54 bilhões, será a segunda maior da história automotiva, superando até mesmo a criação da Stellantis, que custou cerca de US$ 50 bilhões.
Contudo, a fusão também traz desafios significativos. No Japão, mais de 9.000 pequenas e médias empresas que dependem diretamente das três montadoras já estão se preparando para fechar. Muitas dessas empresas têm processos de produção arcaicos e não tecnológicos, e a tendência é a modernização, resultando em cortes na mão de obra.
Por outro lado, a mão de obra excedente dessas fábricas poderá ser redirecionada para outros segmentos que necessitam de trabalhadores, como agricultura, cuidados com idosos, indústria alimentícia e serviços diversos. No entanto, os salários nesses setores são significativamente menores, com uma média de ¥1.100 por hora sem horas extras.
O Japão já tem projetos para utilizar mão de obra qualificada de engenheiros e técnicos do Vietnã, Índia e Indonésia para as novas plantas de fábricas modernas e com alta tecnologia. Para trabalhadores desqualificados, que alimentam as indústrias de transformação, os dias de trabalho estão contados. A realidade finalmente chegou para muitos trabalhadores estrangeiros sul-americanos que se encontram em fábricas de quintal.
Enquanto a nova aliança automotiva promete avanços tecnológicos e maior competitividade, ela também sinaliza uma mudança significativa no mercado de trabalho japonês, exigindo adaptação e resiliência dos trabalhadores.
Jornalismo Município News – 28/12/2024 Siga @municipionews nas redes sociais.















