O fim de semana da primeira-dama, Janja Lula da Silva, no G20 Social, foi marcado por momentos controversos e questionamentos sobre o uso de recursos públicos. Entre os destaques do evento estão os R$ 33,5 milhões destinados pela Petrobras e pela Itaipu Binacional para a realização do festival Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, apelidado informalmente de “Janjapalooza”, além de declarações polêmicas da primeira-dama sobre figuras públicas.
Milhões em gastos: uma questão de prioridades
O festival, que ocorreu na Praça Mauá, no Rio de Janeiro, entre os dias 14 e 16 de novembro, teve a participação de grandes nomes da música nacional, como Alceu Valença, Ney Matogrosso e Zeca Pagodinho. Todos os artistas receberam um cachê simbólico de R$ 30 mil, totalizando R$ 900 mil em pagamentos.
A maior parte dos recursos veio de duas empresas estatais. A Itaipu Binacional destinou R$ 15 milhões, enquanto a Petrobras comprometeu R$ 18,5 milhões, ambos valores destinados ao festival e eventos paralelos do G20. Apesar das justificativas de alinhamento com pautas sustentáveis e sociais, críticos apontam que o montante poderia ter sido usado para atender demandas urgentes, como segurança alimentar e investimentos em infraestrutura básica para populações vulneráveis.
Deputados questionam legalidade
Os deputados federais Sanderson (PL-RS) e Gustavo Gayer (PL-GO) enviaram pedidos ao Tribunal de Contas da União (TCU) para investigar a legalidade do uso desses recursos públicos. Segundo os parlamentares, a aplicação de valores elevados em um evento cultural contraria princípios de eficiência e moralidade, especialmente em um momento de crise econômica no país.
“Diante de uma crise que exige austeridade fiscal, gastar milhões em cachês e estrutura de um festival soa como um desrespeito ao cidadão brasileiro,” declarou o deputado Sanderson.
Polêmicas envolvendo a primeira-dama
O festival também chamou atenção por declarações de Janja durante os debates do G20 Social. Em um dos momentos mais repercutidos, a primeira-dama utilizou palavras de baixo calão em inglês para atacar o bilionário Elon Musk. A fala teria sido uma reação às críticas de Musk ao governo brasileiro. Em resposta, o empresário declarou que “eles vão perder a próxima eleição,” intensificando a controvérsia.
Além disso, Janja fez comentários sobre o ataque cometido pelo chaveiro Francisco Wanderley Luiz, que se tornou conhecido como o “homem-bomba da Praça dos Três Poderes.” Durante um painel sobre regulação de plataformas digitais, ela se referiu ao autor do atentado como um “bestão” que “acabou se matando com fogos de artifício.” A fala gerou risos na plateia, mas foi amplamente criticada por minimizar um episódio violento e complexo.
Outras perspectivas
Defensores do festival argumentam que o evento trouxe visibilidade para temas importantes, como a fome e a pobreza, e reforçou a posição do Brasil no cenário internacional. Além disso, a entrada gratuita permitiu que o público tivesse acesso a apresentações de grandes artistas nacionais, promovendo cultura e engajamento social.
No entanto, críticos apontam que o gasto de R$ 33,5 milhões poderia ter sido redirecionado para atender necessidades mais urgentes da população, como o combate à fome — um tema central do próprio festival. Com esse valor, por exemplo, seria possível distribuir cerca de 670 mil cestas básicas, impactando diretamente milhares de famílias.
O fim de semana da primeira-dama no G20 destacou a complexidade de equilibrar prioridades sociais com ações de impacto cultural e internacional. A discussão sobre os valores investidos e as declarações polêmicas de Janja mostra que, embora eventos como o “Janjapalooza” tenham seu papel, a transparência e o alinhamento com as necessidades da população continuam sendo demandas centrais da sociedade.
Jornalismo Município News – 17/11/2024