A onda de leilões de imóveis no Brasil, impulsionada pela crescente inadimplência, está colocando milhares de famílias na rua. Segundo dados do Jornal Nacional, o número de imóveis leiloados no primeiro semestre de 2024 mais que dobrou em relação aos dois anos anteriores, atingindo a marca de 44 mil unidades.
A advogada Natália Roxo, especialista em direito imobiliário, confirma a escalada dos leilões. Em entrevista ao Jornal Nacional, ela revelou que o número de imóveis disponíveis em leilão aumentou em 80%, com editais apresentando entre 800 e 1000 imóveis mensais, um salto considerável em relação aos cerca de 200 imóveis mensais em 2018.
“O processo é rápido e implacável”, alerta Natália Roxo. “Após a notificação da dívida, o imóvel pode ser leiloado em até 60 dias, deixando pouco tempo para o devedor regularizar sua situação.”
A perda do imóvel representa um duro golpe para as famílias, que veem seu patrimônio e sonho da casa própria desmoronar. A dona de casa Daniela Maya Lemos, por exemplo, viu seu lar leiloado após enfrentar dificuldades para pagar as prestações. “Era a minha casa, era o meu lar. É onde a gente construiu, trabalhou para ter aquilo lá”, lamenta.
A escalada dos leilões reflete um cenário mais amplo de endividamento das famílias brasileiras, com consequências sociais e econômicas significativas. Segundo a professora de Direito Econômico da USP, Maria Paula Bertran, o endividamento em níveis críticos gera um conflito que afeta não apenas os devedores, mas a economia do país como um todo.
Diante desse cenário, é fundamental discutir políticas públicas que auxiliem as famílias em dificuldades financeiras, como a renegociação de dívidas e a oferta de moradias populares. A sociedade como um todo precisa estar atenta a essa realidade e buscar soluções para minimizar os impactos dos leilões de imóveis.
Jornalismo Município News – 03/12/2024