A Operação Carbono Oculto, deflagrada nesta quinta (28/8), expôs uma engrenagem bilionária ligada ao PCC na cadeia de combustíveis. Segundo as autoridades, foram cerca de 1.400 agentes mobilizados, mais de 350 ordens em oito estados e bloqueios/apreensões que superam R$ 1 bilhão. Em frentes correlatas, a PF executou Quasar e Tank. Entre 2020 e 2024, os fluxos rastreados no setor somam R$ 52 bilhões; instituições de pagamento/fintechs teriam operado como “bancos paralelos”, com aproximadamente R$ 46 bilhões passando por uma única IP. Mais de 1.000 postos teriam sido acionados pela engrenagem.
A cadeia descrita pelos órgãos cruza importação e formulação de combustíveis com distribuição e varejo. Há relatos de adulteração (ex.: solventes/metanol), sonegação, coação e violência econômica. Para ocultar e blindar patrimônio, o grupo teria recorrido a fundos de investimento fechados que detinham ativos reais – usinas de etanol, frota de caminhões, imóveis e um terminal portuário –, estimados em cerca de R$ 30 bilhões.
“Identificamos 40 fundos usados para blindagem patrimonial do crime organizado.” — Andrea Costa Chaves, subsecretária de Fiscalização da Receita Federal
Segundo a Receita Federal, as irregularidades atingem gestoras específicas. O Fisco informou ter identificado 40 fundos usados para blindagem patrimonial, enquanto a Polícia Federal reportou 21 fundos bloqueados em operações correlatas — números complementares, de escopos diferentes (mapeamento × bloqueio judicial).
Entre empresas mencionadas nas apurações aparecem REAG Investimentos (gestora) e GPC Química; ambas afirmaram cooperar. Também há citações a instituições de pagamento/fintechs como parte da engenharia financeira. As investigações seguem em curso; não há condenações relacionadas a estes fatos até aqui.
Nas redes, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, classificou a ofensiva como histórica, exaltou o GAECO e afirmou que o trabalho iniciado em SP se expandiu para todo o país. Em 2024, no CEO Conference do Itaú BBA, ele já dizia que o PCC teria cerca de 1.100 postos sob influência – ponto que voltou ao debate com a operação.
Relatos do Ministério Público de SP apontam denúncias de empresários e produtores do setor sucroenergético sobre coação para venda de propriedades (postos, fazendas, usinas), suspeitas de incêndios criminosos e pagamentos em dinheiro vivo com subfaturamento – quadro que motivou a cooperação entre MPF, PF, Receita, ANP e órgãos estaduais.
Sobre o “ruído das pesquisas” que circulou em paralelo: a Genial contrata o Instituto Quaest e as rodadas têm ficha técnica pública. Em janelas próximas de julho–agosto/2025, Genial/Quaest mediu Lula à frente no 1º turno, enquanto Paraná Pesquisas e AtlasIntel/Bloomberg registraram empates técnicos ou vantagens numéricas para adversários. Diferenças são explicáveis por método de coleta (presencial × on-line), datas e margens de erro. Personalidades como Fernando Holiday e Paulo Figueiredo questionaram publicamente os resultados; registramos como opinião e contrapomos com metodologia, sem afirmar irregularidades.
Serviço ao leitor: preços muito abaixo da média local, histórico de autuações e desempenho anormal do veículo são sinais de alerta. Denúncias podem ser feitas à ANP e aos Procons estaduais; guarde sempre a nota fiscal.
Nota editorial: adotamos linguagem neutra e juridicamente cautelosa (“citado”, “alvo”, “investigado”, “segundo as autoridades”), sem imputação de culpa. Onde há divergência numérica entre órgãos, indicamos o escopo de cada dado (mapeamento fiscal × bloqueio judicial).
Jornalismo Município News — 28/08/2025










